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bedside matsuko 3 para se guiar no caos

by bedside matsuko

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1.
Um som, do nada, surge de mim mesmo Uma palavra resume um afeto Mas que se admita que ela Sempre nos limita e que Hoje nós deixamos isso pra lá... E como dizer não ao aleatório E ao imprevisível? E como aceitar o objetivo Como subjetivo? O objetivo pesa sendo o único bem Pense o caminho, matá-lo é matar a si Tento de todo modo me solidificar Pra no momento certo saber me virar Uma mestra dos improvisos sem saber improvisar Um transeunte do acaso dos encontros Uma pedra que não fura com a água Um uma um uma um uma Mas tem gente que acredita Que uma criança nasce má ou erudita Ou que o meio a determina Sempre a guiar Seria bom buscar ser mais claro E mais compreensível E deixar de pensar que tudo é óbvio E previsível...
2.
No horizonte de eventos Destas vidas moribundas Temos muitos/poucos ombros tolos Dando esperança Ela traz o medo em sua corcunda E ele cresce com a importância Que dedicamos a um possível Mundo que anseia e esgana "Já podemos ver que não Teremos que sofrer Nós não temos guerras Nem empecilhos pra crescer" Agencio sons, imagens, histórias Pra esquecer um pouco Desse fanatismo pelo imediato Que enlouquece um pouco Fumo todo dia ao sair do trampo Não sou louco Rumo todo dia ao sair do trampo Para o pouco Do que ainda dá para extrair de mim Do que ainda posso doar ao infinito Do meu mundo finito.
3.
Vou mostrando como sou E vou sendo como posso, Jogando meu corpo no mundo, Andando por todos os cantos E, pela lei natural dos encontros, Eu deixo e recebo um tanto E passo aos olhos nus Ou vestidos de lunetas, Passado, presente, Participo sendo o mistério do planeta O tríplice mistério do "stop" Que eu passo por e sendo ele No que fica em cada um, No que sigo o meu caminho E no ar que fez e assistiu Abra um parênteses, não esqueça Que independente disso Eu não passo de um malandro, De um moleque do Brasil Que peço e dou esmolas, Mas ando e penso sempre com mais de um, Por isso ninguém vê minha sacola.
4.
Oh geração que percebe aos poucos Que sua superioridade evolutiva é especulativa Com dois passos pra tecnologia reativa E outros dois pra depressão e loucura de tantos roucos. Roucos por dentro e por fora, sem saída; Por dentro, no sufoco da falta de sentido da expressão Por fora, na truculência não insólita da coerção À reivindicação pelo sentido próprio da vida. Geração que ainda procura na realidade O sentido no todo do andar da carruagem Daquele que se instalou uma tatuagem E daquele que estancou-se da novidade. Pronta para encurtar caminhos entre línguas, quer economia; Delineando novas tendências de comodidade E mais tempo pra pensar, mas apenas calamidade Descompassado da experiência do clássico, quer na história soberania. Estamos na esquina com o pão sem saber O porquê do pão e o porquê da esquina Fingindo ser bailarina da época da brilhantina E entoando, de corpo, versos com poder. O medo, né? De dar sentido sozinho, abocanha mentes Que, ignorando a natureza, livres se consideram E essa perigosa falácia proliferam Junto do fantasma das superioridades inerentes.
5.
Nesses tempos de bagunça É que a criança pode andar Incentivo o equilíbrio Do desequilibrar A filosofia primeira Sempre quis incomodar Intuindo, com leveza A incerteza do que há Mas tem sempre alguém com medo De perder estabilidade Nessa nossa ordem social Ter um dia como o outro Um eterno retorno do mesmo Sem velho, novo ou atual É por isso que eu prefiro Com a mudança me adequar Ao invés de todo tempo Em uma bolha me injetar A filosofia primeira Sempre quis incomodar Intuindo, com leveza A incerteza do que há
6.
Trago na nesta sacola O que me vieram a dar Por sorte se expressaram Para eu me inspirar A história segue a passar E os viventes a se afetar A questão é como vai ficar O meu uno e próprio "eu"? É uma falência e tanto Deixar de acreditar Que qualquer um pode Vir a se superar Não é nem uma questão moral É a vontade de alçar Sobre o horizonte deste breu Um outro modo de pensar O que eu disser Não é indiscutível; Mas nada é e, no nosso caso, Vence quem apela mais Vai construindo sua fala Buscando sempre o "melhor" Sem saber que esse melhor Depende de quem olhar Se nessa valsa de espinhos O sonho é um dia vencer O mal venceu os mocinhos Ou atrás tem algo mais Não acha que tem algo mais?
7.
E na hora de valorar As possibilidades de busca Na existência devemos priorizar A verdade estável ou uma vida livre? Incitar a paixão De ir dormir e não dormir De alegria que no outro dia Poderei fazer mais! E esse mais, bem me convence Enquanto me entendo não consciente Totalmente do que rola ao meu redor Mas é diferente contentar-se; Nem saber opinar entre a mudança Ou a preservação Sentir no caminho um desconforto De ser sustentado por tantos órgãos Miríades de moléculas, átomos E no fim pouco com isso criar Existem vidas mais "simples" Como o vírus, que moveram mais gente Isso não é uma birra decadente Mas talvez pareça e, felizmente, Tudo morre e dá seu lugar E na hora de misturar As possibilidades de formas De viver e de criar Que me dão a liberdade de ser só o que sou Não se importe com o outro olhar Formatado sem saber que opina com interesse Interesse em mudar ou preservar Escondido por discursos sob o flanco Da carne burocrata.
8.
Bom saber que os versos não se esqueceram de mim Singela homenagem a um homem com medo de se distrair Pois é, doutor... digo, o caso é complexo! Eu peço e suplico: por favor, não o deixe morrer Não pretendemos conhecer! Tanto imbróglio oculto nesta nova aquisição Livros e livros reunidos sem razão Cada vez que espio o povo indicando com a mão Parece fácil e claro, mas é ali que se esconde o tal Mal sei o que é preciso pra fazer Crescer o espírito de guerra das razões A arte é o mastro das nações Cadê o valor? Pra descartar? Enrugado cinza e frio Conhecimento sem valor? Cadê o valor? Pra descartar? Enrugado cinza e frio Bom saber que os contos não se esqueceram de mim Sigilo obtuso, apesar de sincero cheiro de alecrim Pois é, doutor... digo, o caso é complexo Eu peço e suplico: por favor, não o deixe morrer Nós precisamos de você! Ricas/vivas/limpas almas não sabem colher As amargas/rasas/raras almas do saber Cada vez que espio o povo indicando com a mão Parece fácil e claro, mas é ali que se esconde o tal Mal sei o que é preciso pra fazer Crescer o espírito de guerra das razões A arte é o mastro das nações Cadê o valor? Pra descartar? Enrugado cinza e frio Conhecimento sem valor? Cadê o valor? Pra descartar? Enrugado cinza e frio.
9.
Cada vez mais se estreita a linha Que separa o homem da natureza E cria uma extrema dureza No viver dessa vidinha. Ditam ritmo as línguas naturais E então a natureza se desvela Para nós que enxergamos como uma vela Em um quarto escuro e sem sinais. Força de vontade para abrir caminhos Nesses textos que não escrevo certinhos Porque é palhaçada fingir ser "corretinho" Pra talvez qualquer hora ganhar carinho. Ou talvez a falta de ajuda de um vizinho. Ou nada, e seguir a ainda nebulosa ideia de devir sozinho. Existe, de fato, uma alegria! Pelo abraço ao afeto que chegou cedo Pelo embaço que me faz acordar cedo Pelo medo que perdi de morrer cedo Pelo complexo social humano que me fez querer morrer cedo Pelo conjunto de regras específicas e limitadoras da vida que nos coroaram desde cedo Pelo direito de tomar para si a posse de seu próprio conceito de cedo. Estreita linha, estreita…
10.
Não cante vitória muito cedo, não. Nem leve flores para a cova do inimigo, que as lágrimas do jovem são fortes como um segredo: podem fazer renascer um mal antigo. Tudo poderia ter mudado, sim, pelo trabalho que fizemos - tu e eu. Mas o dinheiro é cruel e um vento forte levou os amigos para longe das conversas, dos cafés e dos abrigos, e nossa esperança de jovens não aconteceu, não, não. Palavra e som são meus caminhos pra ser livre, e eu sigo, sim. Faço o destino com o suor de minha mão. Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa e não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza. - Sempre é dia de ironia no meu coração. Tenho falado à minha garota: - Meu bem, é difícil saber o que acontecerá. Mas eu agradeço ao tempo. o inimigo eu já conheço. Sei seu nome, sei seu rosto, residência e endereço. A voz resiste. A fala insiste: você me ouvirá. A voz resiste. A fala insiste: quem viver verá. Não cante vitória muito cedo, não. Nem leve flores para a cova do inimigo, que as lágrimas do jovem são fortes como um segredo: podem fazer renascer um mal antigo.

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released August 2, 2016

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