We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

bedside matsuko 4 para todos e para ningu​é​m [e para impor​-​se diante da opini​ã​o]

by bedside matsuko

/
  • Streaming + Download

    Includes high-quality download in MP3, FLAC and more. Paying supporters also get unlimited streaming via the free Bandcamp app.
    Purchasable with gift card

      name your price

     

1.
Como justificar que a palavra "mar" Possa abarcar todo o saber Que se esconde lá? Como posso negar que ao medir você Não meço a mim? Borda, torto, um novo traço pra mim Borda, torto, um novo traço pra mim Borda, torto, um novo traço pra mim Borda, torto, um novo... Torna se você matou a primeira Torna se você afirmou o negado Torna se aceita pra si a diferença Torna se você continuará a insistir Em não perde-se no caos Viver não é mais um conto de horrores Viver não é mais "um algo a acontecer" É natural Viver é não parar pra comparar É deixar ser o que só poderia ser O que não precisou de mim Pra germinar e seguir sua harmonia Mas que pelos afetos será determinado, sim Sou só um convalescente desvairado Que soa a febre toda até secar E vê no esquecimento faculdade De a-centrar, de fitar o futuro do ser Um poder grande como o lembrar Para acordar e viver outro dia Sem toda a carga de chumbo Que toda história, quando é própria, tem Viver não é mais sofrer pelo perdido Se é que de perdido é bom falar Pois o todo é só um.
2.
Formar sentido é aprender a mudar Trocar caminhos, se desmembrar Dizer, sozinho, "eu vou me guiar" Comer a angústia de se libertar Vermelho, por favor, me diga onde está e que horas são Já é tarde pra colher as consciências de aluguel Terra em transe e um novo covarde Maniqueísmo que se faz por precaução Como é o caminho? Este céu não quer falar... Suspendo o raso e já não sei me guiar Ninguém é burro, mas tem um plano a interpretar Mania de resumo Que se propõe a demonstrar Que a vida de antemão não sabe se guiar; Se guiar sem se perder é perder por não guiar; É não ligar de perder a noção de vida; A noção de vida.
3.
Tua cor é o que eles olham, velha chaga Teu sorriso é o que eles temem, medo, medo Feira moderna, um convite sensual Oh! telefonista, se a distância já morreu Meu coração é velho Meu coração é morto E eu nem li o jornal Nessa caverna, o convite é igual Oh! telefonista, a palavra já morreu Independência ou morte Descansa em berço forte À paz na terra, amém. À paz na terra, amém! Feira moderna, um convite sensual Oh! telefonista, se a distância já morreu O meu coração é velho O meu coração é morto E eu nem li o jornal Eu nem leio jornal Nessa caverna, o convite é sempre igual Oh! telefonista, a palavra já morreu Independência ou morte Descansa em berço forte À paz na terra, amém. À paz na terra, amém!
4.
Lá vem o clássico momento sempre igual Que vira o rosto ao vasto mundo desigual Conspirações em meu sentido me trarão A força necessária para voltar e não dormir Debaixo do certame Talvez tenha um coração que se vê enorme Debaixo da certeza Balbuciante vê-se a mesma repetição Sempre que eu estiver disponível Pode vir falar comigo sobre a vida e tudo mais Sobre isso, até digo que estou sempre disponível Porque não há nada que me interessa mais Pois já sei que muitos de nós Não encerra a vida crendo Que existem dois mundos Separados, naturezas desiguais Encerra enxergando Sua vida sobre o palmo De um todo a se alterar.
5.
"Eu" 02:45
Eu, que desde a primeira vez tomado pelas rédeas de todo o conjunto de relações corporais que me convocaram à consciência, não lembro o que senti; Eu, que tanto temi durante o caminhar tortuoso da formação de meu devir a perda da consciência, do nexo, deste mesmo Eu; Eu, que todas as vezes que me vi encurralado no corredor sem saber o que fazer e amaldiçoei as condições que me forjaram a resolver o irresolvível confesso que clamei pela resposta de um incentivador qualquer; ° - Eu, palavra fértil pelo peso de uma história triunfal da criação de uma verdade estéril; Eu, eu… Que em minhas intrépidas aventuras de criança sem pesar o jorro de sangue de minhas pernas ainda novas mas já rodadas no giro dos bairros periféricos de São Paulo fui interpenetrado por todos os tipos de brincadeiras sem intermédio do molde ideal ao meu molde; Eu, que desde muito novo fui vagante das mais libidinosas conversas entre adolescentes enclausurados na sede de inserção em seu meio e cientes de seus prêmios e desafios muitas vezes fui coagido a valorar igual; Eu, que desde os primórdios de minhas tentativas de construção de uma subjetividade verbal, fiz questão de expor as principais lamúrias desse monstro: Eu; Eu, que flertando com as herméticas imagens de um passado que aparenta distante, por mais que me esforce, não reconfiguro a voz de quem me deu à luz; Eu, que vi pingar tantas gotas de sangue da mão, de tantos joules gastos para devir alicate às lembranças mais açucaradas de momentos em que meu tempo e espaço eram lisos para criar e ver que o que nada perecia, tudo era; ° - Eu, fonte da personalidade que limita, que põe na fôrma atrevida o boneco indevido de forma baixamente devida; Eu, que me viciei e me distanciei das mais pseudo vãs às mais pseudo nobres honrarias, idéias, afecções e corpos; Eu, que busco transplantar todos os ícones (tudo o que produz desejo em mim) que formalizam a máquina de criar (mente), que trabalha junto da máquina de agir (corpo). Eu, que reconfiguro. Eu que recorro novamente à memória para compor mais este laço que mescla tempo vivido remontado da memória ao espírito com idéias sólidas de razão que por fim revelam a unção entre eternidade e instante; Eu… Tolo que já amaldiçoou as forças da realidade querendo um encaixe cósmico indevido, subtraindo da conta o tempo, com foco apenas no resultado final e não no processo; Eu, que como um bruxo, busco entender o real baseado em mim e o que consigo interpretar do mundo, deixando claro, assim, que abstraio ao infinito; Eu, é tão amargo… Eu, que agora sigo o vento vindo de todos os lados, não deixarei mais o uno cercar o múltiplo: Eu = Centro descentrado e todas as suas possibilidades.
6.
Da janela lateral do quarto de dormir Vejo uma igreja, um sinal de glória Vejo um muro branco e um vôo pássaro Vejo uma grade, um velho sinal Mensageiro natural de coisas naturais Quando eu falava dessas cores mórbidas Quando eu falava desses homens sórdidos Quando eu falava desse temporal Você não escutou Você não quer acreditar Mas isso é tão normal Você não quer acreditar E eu apenas era Cavaleiro marginal lavado em ribeirão Cavaleiro negro que viveu mistérios Cavaleiro e senhor de casa e árvores Sem querer descanso nem dominical Cavaleiro marginal banhado em ribeirão Conheci as torres e os cemitérios Conheci os homens e os seus velórios Quando olhava da janela lateral Do quarto de dormir Você não quer acreditar Mas isso tão normal Você não quer acreditar Mas isso tão normal Um cavaleiro marginal Banhado em ribeirão Você não quer acreditar .
7.
Vou sair à espreita de surgir um encontro Que me desespera pelo inevitável outro Ponto que gostaria de destacar É o total oposto, o da alegria em instante De uma forma mesmo que insignificante Demonstrar que somos livres Para reorganizar A internet estreita o tempo dos encontros Que me alivia pelo quase eterno Tempo disponível para interagir É o total oposto, o da angústia em instante Perceber a cilada inconstante De admitir que não consigo Me reorganizar.
8.
Quando vier a Primavera, Se eu já estiver morto, As flores florirão da mesma maneira E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma Se soubesse que amanhã morria E a Primavera era depois de amanhã, Morria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. Por isso, se morrer agora, morro contente, Porque tudo é real e tudo está certo. Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é.
9.
São Paulo 04:49
Meia noite já passou E eu ainda estou aqui Minha mente voa pra bem longe, por aí Ninguém pode mais me ouvir Ninguém pode mais me ver E eu junto só quem pode me fazer bem "Eu tenho que trabalhar" "Eu tenho que estudar" Já passou da hora de nós vivermos mais Meu amor, muito prazer Essa noite é pra você E espero que você só me ame mais Eu era bem pequeno quando sentia dor Não era tão distante pra falar de "amor" O que aconteceu? parece que tudo mudou... Seu filho quer te ver Só queria estar com você Saia de casa! Me ajude, por favor Meu relógio já parou Meu amigo se suicidou E é por conta da casa! Hoje chove e estou mal Ter febre é até legal Ninguém sabe a dor real da depressão Meu amor, muito prazer Essa noite é pra você E espero que você só me ame mais Eu era bem pequeno quando sentia dor Não era tão distante pra falar de "amor" O que aconteceu? parece que tudo mudou... Por amor me feri muito Por pavor eu perdi muito Só cabia a mim achar o sol e continuar Eu ainda tenho tempo A cidade está vivendo E eu tenho de continuar até me encontrar Muito tempo Se passou e desde então O meu sonho não mudou E eu quero te ver Para proteger alguém Tive que romper a minha paz Para demonstrar meu valor Enterrei meus anos E abracei minha dor Seu filho quer te ver Só queria estar com você Saia de casa! Me ajude, por favor Meu relógio já parou Meu amigo se suicidou E é por conta da casa! Por amor me feri muito Por pavor eu perdi muito Só cabia a mim achar o sol e continuar Eu ainda tenho tempo A cidade está vivendo E eu tenho de continuar até me encontrar.
10.
[...] Então a percepção, ela tem uma função utilitária. [...] Ela é uma função utilitária e uma função interessada. [...] A percepção teria a função de apreender o infinito de luz que estaria na frente do ser vivo; mas como o ser vivo só apreende o que lhe interessa, desse infinito de luz, ele apreende um pedacinho; Por que que ele só apreende um pedacinho? Porque ele só apreende aquilo que: lhe interessa. O resto... passa por ele, e ele não apreende. Por exemplo: nesse instante aqui, que vocês estão ouvindo eu falar, estão com a atenção dirigida para mim, muitos sons estão se processando, mas vocês não estão apreendendo. Entenderam? Então, a percepção passa a ser um instrumento: do interesse e da utilidade do ser vivo. [...] Na hora que o ser vivo apreende pela percepção, tudo o que ele apreende pela percepção se prolonga de imediato numa: reação. [...] Por exemplo: se for uma presa, ele apreende; se for um predador, ele foge. Então, a percepção se prolonga numa: reação. [...] Percepção, reação chamam-se: percepção - sensório / reação - motor. Isso se chama: esquema sensório-motor. [...] Agora vai aparecer uma coisa muito surpreendente. É que, entre a percepção e a reação, no ser vivo aparece o que se chama afecção. A afecção é um pequeno intervalo entre a reação, digo, entre a percepção e a reação. Porque o ser vivo, quando ele percebe alguma coisa no exterior, ele tem diversas maneiras de responder a essa percepção; quem decide a maneira como vai ser reagido é a afecção. [...] O vivo, ele é, literalmente, dentro desse universo, ele é um centro de escolha. [...] Ele é um centro de escolha, um centro de decisões; todo vivo é um centro de decisões. Todo vivo é como se fosse um escritório burocrático: ali se decide alguma coisa. [...] A partir daí, agora começa a aula a me interessar, se por acaso todos os seres vivos morrerem, esse universo imediatamente se torna um universo acentrado: um universo onde não existe mais centro. [...] Quem é que forma o centro do universo? Os seres vivos. Se você não tiver mais nenhum ser vivo, acabarem os seres vivos, não há mais centro do universo, o universo se torna acentrado. Boa noite! [...] Nem porque desapareceram todos os vivos, desapareceu toda a matéria do universo, pelo contrário; A matéria do universo prossegue, mas o que desaparece a partir do desaparecimento do ser vivo? O centro. Desaparece o centro; Esse universo torna-se: um universo acentrado. Eu preciso que todos me digam se entenderam, eu não tenho o menor problema de explicar de outra maneira. [...] A matéria menos a vida, a matéria - a vida, ela não tem centro; Não há centro nela. Vocês tão conseguindo passar por isso que eu tô falando? É um universo totalmente destituído de centro. [...] Há um momento em que a vida não existe; há um momento em que a vida existe. A matéria do momento que a vida não existe é a MESMA matéria de quando a vida existe. A única diferença é que ela, enquanto a vida não existe, ela está mais quente, quando a vida existe ela está mais fria; É a única diferença, mas é a mesma matéria. [...] É somente com o esfriamento da matéria é que vão começar a aparecer o que se chama estruturas; As estruturas são, por exemplo, um átomo: um átomo é uma estrutura, ele é uma composição de alguns elementos, e esses elementos só se constituem em elementos quando o universo se resfria; Quando o universo está muito quente, ainda não existe nenhum elemento. [...] Por exemplo, o hidrogênio já seria o primeiro átomo que aparecesse, já pressuporia um universo mais frio. [...] O que importa é: a vida, ela se origina na matéria que existe no universo. Ela não precisa de mais nada pra aparecer. [...] Por que esses seres vivos que aparecem, todos esses seres vivos são originários na matéria do universo; Ou seja, para a vida aparecer não tem que surgir nada novo nesse universo; Nada novo, a matéria que esse universo tem, ela é o bastante para produzir a vida.

credits

released August 2, 2016

license

all rights reserved

tags

If you like bedside matsuko, you may also like: